Quando os meus pais me disseram que íamos mudar de casa, fiquei muito contente, pois assim podia fazer novos amigos, melhores do que os que tivera até aqui, que na verdade não passavam de colegas.
Tudo corria bem, fiz amigos, os professores pareciam gostar de mim, e até andava com um rapaz muito popular na turma! Tudo dava certo!
Ou melhor, quase tudo. Os meus pais achavam que o rapaz de quem eu gostava não era “maturo o suficiente para namorar comigo”. Sinceramente, eu tinha feito tanto para conseguir ser popular, e eles estragavam tudo!
Mas mesmo assim, continuei a andar com ele.
Um dia, ele convidou-me para irmos comer uma pizza, ir a uma festa, e acabar a andar de carro há meia-noite. Sabia que os meus pais nunca me iam deixar ir, e então inventei algo que não era completamente mentira: disse que ia a uma festa.
Saí, e sentia-me feliz por estar com ele, mas ao mesmo tempo triste por ter mentido aos meus pais. Mas afinal, que mal teria uma pizza, uma festa, e um passeio com a lua?
A pizza correu bem, e a festa maravilhosamente, até que chegou a hora da viagem de carro.
Ele tinha bebido talvez um pouco demais, e não partimos sem ele ter fumado um maço inteiro de tabaco.
Eu nem queria acreditar no que ele estava a fazer!
Por fim, partimos, e eu não pensava sequer que ele podia estar demasiado bêbado para conduzir.
Eu não parava de pensar que talvez os meus pais estivessem certos, talvez ele fosse muito imaturo… Como é que eu alguma vez pudera ser tão estúpida!
Até que lhe disse: “Por favor, leva-me para casa.”
Mas ele não me ligou, e acelerou ainda mais. Numa questão de segundos, íamos depressa demais.
Percebi que estava em perigo.
“Por favor, deixa-me ir para casa! Eu confessarei que menti. Que naverdade vim para um passeio ao luar!”
De repente, vi um clarão.
“Vamos chocar! Por favor, Deus, ajuda-nos!”
Não me lembro da força do impacto. Apenas sei que me moveram, e ouvi uma voz dizer:
“Chamem uma ambulância, estas crianças estão em perigo!”
Vozes… Algumas palavras… Mas eu sabia que estavam dois carros envolvidos no acidente. Questionei-me se ele estaria bem, assim como as pessoas do outro carro.
Acordei no hospital, e todos à minha volta tinham expressões tristes.
“Tu tiveste um acidente, e as coisas ficaram realmente más.”
As vozes soavam dentro da minha cabeça, mas ouvi perfeitamente quando disseram que ele tinha morrido.
Disseram-me: “Fizemos tudo quanto pudemos para os salvar. Não conseguimos. E achamos que também te vamos perder.”
“E as pessoas do outro carro?” – perguntei
“Desculpa! Eles também morreram.”
Então rezei:
“Deus, perdoa-me pelo que fiz. Eu apenas queria algumas horas de diversão.”
E disse à enfermeira: “Diga às famílias destas pessoas que a culpa é minha, e que gostaria de lhes poder devolver as pessoas que perderam.”
“Diga aos meus pais que eles estavam certos, e que devia tê-los ouvido.” Faz isso, enfermeira?
A enfermeira não me respondeu, mas agarrou as minhas mãos, e ficou assim, até que pouco tempo depois morri.
Um médico que estava na sala perguntou à enfermeira porque é que ela não fazia os possíveis para cumprir o meu último desejo. A enfermeira respondeu:
— Porque as pessoas do outro carro eram os pais dela..
Em homenagem a Jenny, a rapariga da história. É uma história verdadeira, eu apenas a apanhei, traduzi, e escrevi na primeira pessoa.
segunda-feira, 17 de março de 2008
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