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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Vingança

Chegou por volta das 18:30, abriu o portão depois de ter estacionado o carro no lugar deixado de vago do outro lado da rua, mesmo em frente da porta do dono da loja de penhores. Ainda só tinha subido três das dez escadas, e já se tinha apercebido que a porta estava aberta, o gato estava no último degrau deitado ao sol, o seu pelo dourado brilhava tão intensamente que encandeava, podia ter aproveitado a ocasião para se resvalar cá para fora. Salta por cima dele, que murmura um ligeiro miar de mimo, entra em casa a chamar por ela sem sucesso, volta a chamar num tom mais grave e audível, com a sua voz rouca e masculina. Avança, atravessando a sala, olhando para tudo quanto era sítio procurando achá-la, a casa parecia arrumada, afinal ela estava de folga, e tinha tirado a tarde para arrumar a casa, uma fugaz espreitadela para a cozinha, daria a mesma resposta que a sala, vazia e limpa, como se fosse completamente nova em folha, como as cozinha das séries de televisão. Teria saído? Estaria no andar de cima? Rapidamente seria desvendado o mistério, pois subia veloz pelas escadas acima, aos paços largos, galgando duas e três escadas de uma vez. Percorrendo o corredor, espreita para o quarto do miúdo, também não estava, ainda não tinha chagado do colégio talvez, dirigindo-se para o quarto, sentiu o coração parar-lhe, quando viu a porta arrombada com uma pegada marcada a negro alcatrão. As dobradiças entroncadas faziam o simples acto de respirar difícil e doloroso, sentiu a boca seca, conseguia colar a língua no céu-da-boca, empurra a porta na tentativa de abrir o que faltava dela, quando viu o quanto destruído, os candeeiros no chão, rimavam com o quadro da foto do casamento desnivelada na parede, as marcas de sangue nos lençóis faziam prever o pior. Assim como nos filmes de suspense, conseguia ouvir a batida acelerada do seu coração nos ouvidos, como se de um solo de bateria se tratasse, deu dois passos e olhou por cima da cama. Um corpo bem delineado enrolado numa toalha encarnada disfarçava o sangue, e parecia estar encharcada dele, a dois metros, parada, estava uma cabeça, a sua cabeça, depois de rebolar como uma bola para o golo, era obrigada a parar contra o toucador. Seus lindos cabelos negros frisados estavam molhados e faziam sentir o cheiro a frutos silvestres do seu champô, do corpo por sua vez saia um cheiro doce a coco.
Ele, caiu de joelhos, arranjou forças e gritou, gritou bem alto como nunca antes o tinha feito, gritou como se valesse de alguma coisa. Ainda de joelhos, com os punhos serrados bateu no chão e logo de seguida com a testa, bateu com tanta força que quase rebentou, se estivesse a ter um pesadelo com certeza que acordaria, mas não, não era, era real e verdadeiro, serrou os dentes de raiva e com as lágrimas percorrendo-lhe a face, jurou vingança, vingar-se-ia de algo de algo ou alguém que desconhecia ser, mas fazia-o sentir bem essa sede de vingança, vingança que começava-lhe a apoderar da mente...
Continua...

1 Sustos:

Inês disse...

Fan-tás-ti-co.
Assustador.

Adorei.

Fico à espera da segunda parte!