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sábado, 12 de janeiro de 2008

A morrer até á morte


Eram um grupo de amigos, deviam de ser quase dez ao todo. Reuniam-se quase todos os dias, no mesmo sítio depois de saírem do emprego para se divertirem, nunca eram menos de cinco na mesma mesa. Quase sempre ficavam até o bar fechar, bebiam, riam, falavam, faziam tudo o que lhes apetecesse. Maioritariamente eram casais, mas havia outros que, ou não tinham par, ou estavam separados temporariamente por diversas circunstâncias. Apesar de fazerem muitas coisas juntos parecia que nunca se cansavam uns dos outros.Dava uma impressão, que estavam viciados uns pelos outros, se calhar porque os gostos eram idênticos.Esta enorme relação de amizade foi perdurando durante bastante tempo, até que de tanto convívio, Carlos apaixona-se por Sara.Carlos era solteiro, livre de preocupações. Já Sara namorava com Miguel. Sara era morena, cabelo frisado, linda de morrer, o tipo de mulher que qualquer roupa, qualquer adereço ou qualquer penteado fica a matar. Tinha perto de um metro e setenta, tudo no sítio como se costuma dizer. Apesar de ter uma mentalidade forte, por vezes agressiva, lá no fundo era doce e sensível. Como era muito tímido, Carlos não assumiu o seu amor por Sara, muito por causa de Miguel ser uns dos seus melhores amigos, mas também porque nunca poderia dar-lhe o que ele lhe dava., pelo menos não naquele momento da sua vida.- Ambos são muito apaixonados, é raro velos a discutir, e namoram à muito tempo. – Pensava Carlos vezes sem conta – apesar de me sentir apaixonado por ela, não conseguia viver totalmente feliz com ela depois de arruinar uma coisa tão bonita.Começou a partir daí a viver com aquele sentimento enclausurado no peito, sentimento que recusava piamente em atirar cá para fora. Ás vezes dava por si a pensar no termo da relação entre Sara e Miguel, principalmente nas raras vezes que eram apanhados a discutir, mas voltava a si, e, sentia-se mal no próprio corpo. Se ela desse um primeiro passo, ou mostrasse um pequeno interesse por ele, talvez pudesse arriscar, se isso não acontecesse então estava fora de questão ele saber de alguma coisa. Começou a namorar com uma rapariga que conhecera enquanto esperava pelo comboio. Chamava-se Cátia, era muito diferente de Sara, tinha o cabelo loiro e liso, mas curto, tal como a Scarlett Johansson, no filme “O amor é um lugar estranho” um pouco mais baixa que ela, assim poderia esquece-la e partir para outra. Começou a sair com o grupo de amigos de Carlos, mas cedo apercebeu-se que ele quando estava perto de Sara não lhe dava muita atenção, parecia ser outro. Ele desculpava-se dizendo que como eram amigos à muito tempo, todos no grupo tinha muita intimidade e faziam aquele certo tipo de coisas como demonstração de carinho mutuo. Ela “engolia” por estar apaixonada por ele. Umas semanas depois, farto de estar a enganar a namorada, Carlos acabou a relação, e continuou a sua árdua tarefa sozinho. Tarefas mais uma vez complicada, quando, durante uma “reunião”, surgem boatos de quebra de namoro. Uns rumores afirmam que Sara encontrou uma conversa de Miguel ao telemóvel, outros juram que ela lhe tinha mentido sobre algo, apesar de nada ser concreto, Carlos começa a imaginar-se junto dela para sempre... Nisto pensa como apareceria nas ”reuniões” de mão dada com ela. Talvez poderiam pensar que ele já estava de “olho” nela antes de acontecer a não confirmada separação. Não havia de ser uma mentira total, ele já andava com ela no pensamento, e até já parecia “o primeiro beijo” de Rui Veloso, “de estar mesmo a traz de ti...sei de cor o teu cabelo, sei o champô a que cheiras”, pouco faltava para não comer e não dormir.Três, talvez quatro dias depois, ela aparece sozinha no bar, com uma cara bastante abalada, e um sorriso que não tinha nada de feliz. As horas passam impiedosas, e nenhuma conversa sobre Miguel e Sara veio à baila, começa a fazer-se tarde para alguns que dali a uma horas iam pegar ao serviço, outros apenas estavam cansados, começavam a render-se ao sono e quase desfaleciam em cima da mesa. Dos primeiros cinco, agora já só restavam dois, por ironia, seria destino talvez, quem ficava naquela mesa eram Sara e Carlos.O bar fechava as três horas e já eram sete e pouco, as conversas que estavam a ter sem qualquer motivo aparente, tinha-lhes chamado à atenção, e estavam colados à horas naquilo. Saíram os dois juntos por já estarem ali a empatar os funcionários que queriam fechar o bar e ir as suas vidas.Já ligeiramente embriagados entram para o carro de Carlos, pois sara não tinha carro nem carta de condução. Ele queria deixa-la em casa como cavalheiro que era. Chegados lá, ainda nem sete e meia deveriam ser, continuaram nas conversas banais até perto das oito, quando Carlos se lembra de irem para a praia. Foram pela auto-estrada até à foz, pois planeavam ir para o Castelo do Queijo, mas pararam na avenida da Boavista mesmo por baixo do edifício da SIC, porque ele já não conseguia conduzir mais devido à sua embriaguez, alem disso começava a adormecer. Num momento irreflectido, ela beijou-o, todo o sono desapareceu, a bebedeira passou, mas não foi por isso que ficou sóbrio, pois começou a flutuar, parecia estar deitado nas nuvens ou talvez naqueles colchões novos que fazem massagens e nos fazem querer que tudo à nossa volta é simples, e lindo como os episódios da Heidi. Mais uma vez a música do Rui Veloso aqui se aplica na perfeição, mas a língua dela não sabia à flor do jasmim, muito menos a mentol, sabia a whisky, a vodka, absinto e a mais de uma dezena de bebidas, mas isso não foi o que o fez recuar. Durou apenas dez segundos, mas para ele parecia ter durado para sempre.No dia seguinte Carlos queria saber se aquele beijo tinha algum significado, algo que dissesse se ela sentia algo mais do que a amizade profunda que ele julgava ela ter por ele. Ou se foi um gesto inconsciente e premeditado, gesto ajudado por uns copos que passavam da conta, ou simplesmente dos que ela conseguisse aguentar. Apenas queria confirmar se o simples e banal beijo, que para ele seria o início de uma bela história de amor sem igual, nem mesmo comparável aos dos filmes de romance que marcaram e continuam a marcar gerações, como Grease ou como os contos infantis em que todas as princesas e todos os principies ou cavaleiros vivem felizes para sempre, era real.Mas quando chegou ao bar, mais uma vez depois de vir do emprego, encontra a Sara e o resto dos amigos incluindo Miguel, ai, nesse instante e numa fracção de segundos fraquejou, e pensou porque é que teriam de aparecer todos hoje.Logo toda a coragem que tinha tomado durante toda a noite resfriou, e encolheu-se num secreto e misterioso silêncio. Mais tarde ela reparou que ele estava a olhar fixamente para ela como que se estivesse a lê-la com muita atenção, com a atenção que os fanáticos do futebol lêem as notícias do desporto rei. Aí ela corou, baixou a cabeça, e esboçou um tímido sorriso.Esse sorriso teve um impacto muito grande nele, um sorriso talvez inocente que ele levou a mal, pois pensou que ela o estaria a usar quando o beijou, e não estaria carente como ele pensou. Carlos sentia-se um rebotalho, um homem de ocasião, homem que ela usaria sempre que estivesse mal ou talvez só por diversão. Seria ela uma quimera, e não o anjo que ele pensava ser? A cabeça dele começava a ficar cada vez mais baralhada, ainda não tinha esclarecido umas questões, já tinha mais uns quantos quebra-cabeças a entupi-lo. Umas poderiam ser parvas, outras nem tanto, mas para ele todas tinham um significado importante, todas ela faziam parte dum puzzle imaginário que ele estava empenhado em desvendar. Talvez por causa disso, e em legitima defesa, ou não queria ficar na ignorância, começou a gastar os seus dias a fumar charros como se tivesse de novo 16 anos, uns vinte e tal por jorna, talvez nem tanto, se calhar até mais. Começava-se a notar no seu aspecto desleixado, que alguma coisa não estava bem. Os amigos como começaram a abordá-lo com perguntas sobre o porquê daquela energia negativa que ele emanava do corpo. Ele reagiu com uma resposta abrupta do género “o que é que tens a ver com isso”, própria de alguém mais bronco e rude que não é doutrina dele.Como bons amigos que são, compreenderam a reacção e perdoaram sem sequer ficarem magoados e deram-lhe o espaço necessário para reflectir e resfriar a cabeça.Nisto, focado nos seus pensamentos, tal é a concentração que quase nem dá pelo toque de mensagem do seu telemóvel topo de gama, aquele que tanto queria mas já não lhe despertava interesse. Era uma mensagem de Sara, devido ao tão elevado consumo da “cena” quase de certeza que não percebeu bem a mensagem, mas o “vem ter comigo à estação ás 17 horas” ele percebeu perfeitamente, tão perfeitamente que ainda faltavam cerca de duas horas e ele já estava a correr para casa para se produzir todo para ela.Depois de um banho, encharcou-se em Paco Rabanne, calçou os seus ténis da Timberland que condiziam tão bem com o seu Tissot PRC200, uns jeans Lion of Porches, um cinto Levi’s e uma camisa Diesel, tudo para arrebatar de vez o coração de Sara. Quando chegou a hora do encontro, ele que já lá estava à quase meia hora suava como se estivesse numa sauna, ela pontual como sempre chega dois minutos antes da hora combinada, entrou a matar com um vestido extremamente justo e curto da nova colecção da Denny Rose, vestido esse que nunca irá sair da cabeça dele, preto, com um decote acentuado com lábios vermelhos, cinzentos e corações brancos estampados.Quando ela se aproximou para o cumprimentar, impávida, e com uma serenidade sem igual, ele fraquejou, quase se esquecia de respirar. Ela foi directa ao assunto, e convidou-o para ir ajudá-la a comprar uma prenda para o Miguel. Ele, com tanta atribulação, até se tinha esquecido dos anos do seu melhor amigo, ou então não se lembrou.Ela queria aproveitar o facto de Miguel estar em Espanha numa largada de Pombos Correio, para preparar uma festa para a ocasião, e para lhe comprar uma prenda.O desejo de a abraçar e de a beijar que pulsava dentro dele foi-se acalmando, ele de rastos e sem olhar para ele acenou com a cabeça num sinal positivo. Ela apertou o cinto e pôs-lhe a mão no joelho, baixou a cabeça e olhou em, direcção dele. Ele sem levantar a cabeça, olhou para a mão no seu joelho e logo de seguida para ela, aquele verniz encarnado que tão bem ficava nas umas fortes e tratadas que cresciam mas suas poderosas e místicas mão tivera para ele, um sabor diferente, e fizeram-lhe soltar um tímido sorriso. Apetecia-lhe rebentar e dizer-lhe em altos berros para que toda a gente ouvisse o quanto a amava e a queria só para ele como uma criança egoísta que não partilha o seu Action Man favorito, que desejava acordar e vê-la sempre em primeiro plano. Viver feliz com ela como se tratassem de uma família de anúncio de televisão, mas em vez disso, soltou um pouco sonoro e convincente “onde preferes ir”.Ela apontou a Fnac ou a Bertrand, pois queria comprar um livro do qual Carlos falava muito e dizia ser bom, durante o caminho Sara falava pelos cotovelos mas Miguel Sá acenava com a cabeça ou gemia fracos “sim” ou “não”.Primeiro decidiram visitar a Bertrand, e qualquer movimento que ela fizesse, ele pensava ser de propósito, e quase trepava pelas paredes. Já durante a visita à Fnac, ele não aguentou e beijou-a com uma sede de quem encontra uma limonada no deserto, quando a largou, passou-lhe por instantes a visão de ele a arrancar-lhe a roupa com os dentes e beijar-lhe o corpo todo sedento de prazer, mas mais uma vez acalmou-se e o controlo foi tão bem sucedido que só lhes restou dizer desculpa.Ela pegou no primeiro livro que encontro, correu para a caixa para pagar e logo de seguida para o balcão informações e pediu para embrulhar. Durante o processo de embrulho, ele tentou abordá-la, ela repudiou qualquer conversa, e com um gesto de mão na cabeça disse estar com uma grande enxaqueca. Sem mais delongas foram para casa e nenhuma boca foi aberta para que algo fosse dito, nem se quer quando chegaram a casa de Sara se despediram, um simples “té já” chegou para selar aquela tarde de incógnitas.Já em casa envolto nos seus pensamentos, chegou a uma conclusão que poderia estar certa, mas não se podia por de parte a hipótese de ser uma verdadeira barbaridade, sempre que eles se beijavam, para ele era a melhor coisa que alguma vez lhe tinha acontecido, cada um era culpado por milhões de sonhos lindos que ele tinha sempre que se ia deitar. Ele começava a ter impressão que ela só ainda não tinha percebido que ele gostava dela, porque se calhar não lhe convinha.Logo a seguir ao beijo, ela fugia do assunto, nem lhe tocava sequer, era como se nunca nada tivesse acontecido, mas não era só isso que o magoava mais, ele tinha a impressão que ela não tinha interesse nele, porque ele era mais novo, ou não lhe podia dar o nível de vida que Miguel lhe dava. Mas apesar disso o amor dele por ela continuava a ser cego, e ela continuava a significa algo inexplicável para ele, era o mais perto do Paraíso que alguma vez ele esteve ou estará.Ai adormeceu, sem que nenhuma resposta conclusiva o tivesse satisfeito.Acordou sobressaltado, a pensar somo seria acordar sem se lembrar de todos estes problemas, fraco, tatuou no braço a frase “Faz-me sentir homem entre todos os homens, eu faço-te ser o essencial para mim, aquela que vou amar.” Voltou para casa e voltou a adormecer, todo o seu sistema imunitário estava enfraquecido. Nesse dia mais tarde, foi ao café da sua rua, tomou uma italiana para ver se acordava, comeu uma tosta mista, voltou a casa, lavou a cara vezes sem conta, não conseguia disfarçar aquelas olheiras que lhe escureciam o rosto outrora claro. Meteu-se na banheira cheia de água e sais de banho, relaxou enquanto lia um livro já à muito esquecido na sua cabeceira. Como ego em afundar-se em direcção ao centro da terra, mas mais relaxado, lê uma mensagem no telemóvel a convidá-lo para ir ao bar, que iria estar lá a malta toda, para a festa de anos de Miguel. Enquanto escrevia a resposta para o amigo, tocava a sua campainha do seu apartamento, um misto de admiração e surpresa preencheram-no, quando viu no seu vídeo porteiro Sara e Miguel, pegou no auscultador e enquanto lhes abria a porta, pedia que subissem. Quando chegaram a cima, Carlos, ainda enrolado ma toalha, deu os parabéns ao melhor amigo, enquanto o abraçava, e ele agradecia o livro, que ambos lhe tinham oferecido, Carlos cumprimenta com os habituais beijos na face, e convida-os para sentar.Abordado com a questão se ia ou não à festa de anos, Carlos deu a mesma resposta que enviou na mensagem, ou seja, “não”. Miguel disse que ficaria sentiu se ele não fosse, e que a festa não seria a mesma sem ele. Carlos disse que compreendia mas eu estava indisposto e que não tencionava sair de casa. Nisto, um gesto mais brusco expõe a tatuagem com a inspirada frase, que faz Sara sentir arrepio pela espinha a cima, talvez teve a pressão que era dirigida a ela, mas não fez nenhum comentário fechou-se em copas. Apesar de se ter apercebido que aquela “mensagem” tinha um significado, rejeitou entender, ou admitir que era dirigida a ela, e que dizia que sempre que ela o olhava, o fazia sentir crucial para ela, aquela que ele ia amar independentemente de todas as adversidades que a vida traz, aquela que dizia para ela ficar ao lado dele até sempre, para sempre. Sem duvida teve noção que aquela frase significava um ponto de ebulição, naquele momento qualquer pessoa normal, queria correr, fugir dali para fora sem local ou previsão de chegada. Ele não queria perceber os pássaros, voar como o Jardel outrora voava sobre os centrais, nem saber porque dão seda os casulos, apenas queria ver as suas duvidas resolvidas, queria ter a certeza se ela o amava mesmo, ou não. Apesar de ela não lhe ter dado muitas esperanças, também não lhe tinha dito que todos os beijos e aqueles movimentos suspeitos eram coisas sem importância que não deveriam ser levados a sério, poderia lhe ter dito que só queria uma aventura, ou que estava confusa e que procurava um caminho. Quando Sara e Miguel foram embora, Carlos foi direitinho para a cama e uma enorme angústia obrigou-o a adormecer. No dia seguinte por volta das 3 da tarde, abriu o seu mail, e no meio das newsletters, encontrava uma mensagem madrugadora de Miguel enviada as 11 horas da manhã. Dizia que queriam encontrar-se com ele no bar de sempre para lhe dar ama suposta grande notícia. Carlos chegou cedo, cedo de mais ate para uma pessoa muito pontual que ele era, Sara e Miguel chegaram radiantes, com um sorriso enorme e quase patético em suas caras, um sorriso de adolescentes apaixonados. Sentaram-se assim que o cumprimentaram, ela estava corada e não para de rir, ele nervoso mas sorridente também, convidava-o para entrar num buraco negro, convidava-o para ser padrinho do casamento dos dois. Sentiu a garganta a arder como se tivesse bebido fogo, mas o pior estaria para vir, queriam também que ele fosse padrinho do filho que estavam à espera.Sara estava grávida de Miguel.Aqui estava a resposta, já nada mais era um enliço, tudo estava claro. Naquele momento tinha acabado de perder uma coisa que nunca tinha sido dele.Saiu correndo, correu tudo o que tinha para correr.- E agora? – Pensava Carlos?Nisto começa a perder a visão e a suar em bica, tudo parece andar à sua volta, Carlos perde os sentidos e desfalece.Dias depois, quando chegam a casa do funeral de Carlos, Sara recebe uma carta do hospital, o seu filho não era também filho de Miguel, mas sim filho de Carlos, aí apercebeu-se que amava Carlos, e que nunca tinha notado a presença do homem da sua vida, mesmo estando ele a milímetros dela. Ela tinha uma ligeira desconfiança sobre a paternidade da criança, por isso fez o teste no dia seguinte à morte do seu amigo. Foi para o quarto, e perante uma tão forte dor, nem forças tinha para chorar, ou então já tinha chorado tudo na cerimónia fúnebre de Carlos. Miguel, que tinha levado o carro para a garagem, entra no quarto e vê a sua amada muito pálida, aborda-a na esperança de saber o que se passava, ela, pausadamente e a soluçar, dizia que estava nervosa com aquela situação da morte de Carlos e com a aproximação do casamento. Ele compreendeu acenando com a cabeça e disse que tinham de olhar para a frente e enfrentar a nova fase da vida deles, e que apesar de ter perdido o melhor amigo, ia ficar com a mulher que amava e confiava para toda a vida. Estas palavras ainda a deixaram pior, mas ela manteve-se forte e abraçou-o.Decidiram chamar à criança Carlos, em homenagem ao mologrado amigo.Para Sara, o pesadelo continuava, e carregava todo aquele peso nos seus ombros, porque ela haveria de ficar a morrer de amor até à sua própria extinção, pois estava talhado no seu destino que ira ter de carregar tal sentimento para o seu esquife.Esse sentimento que afinal seria um sarcoma que a iria atormentar sem descanso mesmo no profundo sono da eternidade. Sempre que olhava para o seu filho a brincar no baloiço à porta de casa, via Carlos. Cada movimento, o sorriso, a maneira de andar, tudo isso fazia-a sentia a sua fabulosa aura e sua energia positiva, por isso continuava de rastos, e isso era uma coisa muito poderosa que atropelava qualquer sentimento benigno. Lá no fundo sabia que ainda poderia revê-lo no seu filho, e isso era a única coisa que ainda a fazia sorrir por entre as lágrimas, pois estava ciente que, ficaria a morrer (de amor) até à morte.