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terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Só mais um

Pequenas gotas de sangue caíam da ferida aberta no seu pulso, sujando a tijoleira. Mas isso não a preocupava. Finalmente, tinha-se castigado. Ainda à pouco tinha passado por estúpida por telefonar a uma "amiga". Tinha dado (de certeza) a entender que era algo mais urgente, e quando confrontada com a estúpida pergunta a "amiga" tinha-lhe dito coisas que não a fizeram sentir melhor. Em vez de um problema, agora tinha dois. Sim, aquele era sem dúvida o castigo certo.

Era a primeira vez que ela se castigava por um erro que ela tinha cometido. Por ter sido estúpida. Dantes, castigava-se por acreditar demasiado nas pessoas, e por elas lhe fazerem mal. Mas daquela vez foi diferente. E isso preocupou-a.

A faca caiu ao chão com um barulho seco, e a tijoleira contava agora com mais gotinhas de sangue.

Instintivamente, levou a mão ao braço. Uma lágrima caiu dos seus olhos, e a pergunta surgiu:

"Porquê?"

As lágrimas caíam na ferida, misturando-se com o sangue.

Foi aí que começou a sentir raiva. E essa raiva tornava-a poderosa. Pegou na faca, e cortou-se de novo.

A dor física substituiu a dor psicológica, e conseguiu imagimar-se a voar por entre as nuvens. Mas essa sensação rapidamente passou.

"PORQUÊ? SERÁ QUE NÃO SEI ESTAR CALADA? PORQUE NÃO GUARDAR AS COISAS PARA MIM?"

"Mais um? Por favor, deixa-me cortar-me mais uma vez!", implorou à sua consciência.
"Está bem..."

"Pronto... O último, prometo!"

E ao voar no céu encontrar-se-ia com quem a ame. Quem lhe dê o que precisa sem sequer precisar de pedir. Como ela gostava que a Lili desse...

"NÃÃÃÃÃOOOOO"

Mais fundo. Mais longo. Sim... Mais um corte...

Um sorriso irónico passou pela sua cara. "E a Sissi que dizia que eu era normal, e que não tinha qualquer problema mental.... Sim... Eu não estou bem... Desde que nasci só faço asneiras... A culpa é minha... *corte...*. Tenho culpa por o meu pai me ter violado, *corte*, por a minha mãe me ter abandonado, *corte*, por ele ter acabado comigo *corteeee*, e por ter acabado com a minha vida. Corte? Não... Já não é preciso! Já morri..."

(antes que seja tarde demais...)

By: Triguinha