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sábado, 22 de agosto de 2009

A Vingadora - Primeira Parte

Era uma noite fria, mais uma no Inverno gélido daquele ano. Ano difícil que tornara o frágil André, ainda mais frágil. O seu corpo, alto e magro, movia-se com a lentidão da morte, naquela noite, por uma estrada mal iluminada, onde ele mal se notava.
Caminhava vagarosamente sobre a estrada molhada pela chuva invernosa. Estava escuro e frio e era já tarde. Eram três da manhã, a hora do Diabo. E o espírito do Diabo fez com que aquela noite de Inverno fosse a última de André.
O carro dele tinha avariado e, sem bateria no telemóvel, fez-se ao caminho à procura de ajuda. Mas ele sabia bem que a ajuda não era merecida, que os erros dele eram fatais, tão fatais como aquela noite, em que iria pagar por eles.
E porque não haveria ele de pagar pelos erros? Afinal de contas era um mole, alguém que cedia facilmente às tentações da carne, mal houvesse por perto uma prostituta, mais ou menos assumida, para o satisfazer. Pensava, pelo caminho, em quão mole ele era e como era preferível ceder a uma das mulheres fáceis, em vez de tentar algo mais difícil. Se calhar, estava destinado às mulheres fáceis, e não via, assim, necessidade de tentar uma difícil, até fora da liga dele, talvez. Afinal, era mole como manteiga e partia-se com a facilidade de um ovo.
Aproximara-se de uma curva sem ter reparado, de tão distraído que estava. A trovoada começara também, com grandes relâmpagos que iluminavam a noite escura.
Nessa curva, aproximava-se um carro por detrás de André. Ele olhou para trás e consegui ver quem era a condutora. Olharam um para os olhos do outro e reconheceram-se naquele instante.
Ela guinara o carro em direcção a ele que ficou petrificado com o susto. Sem hesitar, vai em direcção a ele, fazendo-o tombar de costas. Virava o carro em direcção à estrada, de volta ao seu caminho, deixando André caído no chão. Tinha batido com a nuca numa pedra e já nada havia a fazer.
Foi o primeiro ataque da vingadora…

terça-feira, 30 de junho de 2009

Michael Jackson

Olá companheiros de assassinato!

Como repararam, aqui o KaMedo tirou férias. Contamos voltar em breve, com o mesmo espírito sanguinário de antes.

Deixo agora uma pequena homenagem a Michael Jackson (apesar de não estar no meu top, foi alguém... com carisma)




*

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Rest In Peace

Todos os dias chorava, as lágrimas dela quase evaporavam com o calor, quando passavam nas nódoas negras e no vermelhão que ela tinha na sua face, resultado de toda a porra que ela era vítima.
- No mi amor, por favor no grites, que los vecinos duermen. – Pedia ela a soluçar – Estoy cansa y no puedo más.
Aquelas feridas parecem não ter fim, é uma dor bastante real, dificilmente o tempo as ira apagar. Quando ele precisou, ela segurou-lhe a mão para ele não voltar a cair quando ninguém o fez, e ainda o continuava a fazer, apesar de ele estar sempre a “cair”. Bebedeiras constantes, porrada diária, violência psicológica, ela aguentava aquilo tudo.
- ¿Cómo puede tratarme así? – Pensava ela.
Ela esperava conseguir vontade para lhe dizer “boa sorte” e seguir o seu caminho, ou apenas desaparecer sem sequer lhe dizer adeus tratando-o como o cão que era. Mas não conseguia, por muito que quisesse seguir a sua vida em paz e dignidade, simplesmente não conseguia. Ela ainda está à espera que ele lhe fizesse o que prometera no dia do seu casamento, e até mesmo antes dele.
O casamento foi a sua sentença de morte, um pacto com o Diabo.
Ele nunca tinha sido assim, não bebia, não a traía, nem sequer lhe pensava em bater.
Um dia ela chegou a casa depois de mais um dia de trabalho árduo, e pelo aspecto caótico da sala, era óbvio que ele estava lá.
Avança em direcção a casa de banho de onde surgem uns barulhos, e depara-se com ele desfalecido no chão mergulhado numa grande poça de vómito em constantes convulsões. Seria finalmente a oportunidade com que tanto esperava?
Podia sentar-se e apenas vê-lo sofrer até ter o que merecia, ou simplesmente voltar atrás, sair de casa e voltar mais tarde para já o encontrar sem vida, e então aí telefonar aos bombeiros e à polícia para participar o sucedido. Afinal ele tinha-a maltratado durante toda a relação em matrimónio, sem que ela algo fizesse para que isso tivesse razão de acontecer.
Quantas vezes se questionou ela:
- ¿Qué daño he hecho? ¿Qué hice mal?
Mas a culpa era dele, e ela lá no fundo sabia, não queria era aceitar, afinal quem mudou foi ele, ele, algumas semanas do casamento, deixou de ser o homem que tinha sido até então. Não era mais o homem que outrora prometia o céu e a terra, a lua e as estrelas, a paz o amor e a alegria eterna. Com ele, ela seria feliz para sempre, e iam ser um exemplo para todos os outros casais…
Ao vê-lo ali, naquela agonia, sentia que o dia de ontem já ia longe, e as marcas ainda frescas da fivela do cinto dele nas suas costas já não lhe doíam, e no meio daquele silêncio “ensurdecedor”, apenas interrompido pelo barulho dele a vomitar, ela sentia que finalmente a justiça estaria a ser feita a seu favor. Era um imenso prazer, todo o seu corpo se encheu de alegria, mas segundos depois ela começou a sentir que aquilo era pouco comparado ao que ela passou. Então, nesse momento baixa-se e tira um lenço de papel do bolso com toda a calma do mundo, e põe-lhe a mão na cara, levanta-lhe a cabeça e limpa-lhe o queixo e a boca que durante até ai esteve a espumar descontroladamente e aproximando-se do seu ouvido diz-lhe:
- Todo el mal del mundo es muy poco para ti, hijo de puta.
Nesse instante larga-lhe a cabeça que estoura violentamente contra o chão, fazendo chapinar vómito para as suas botas de couro que a mãe lhe tinha dado no natal passado, e retira-se, pegando na sua carteira, e pondo a trela ao cão para o ir passear.



Esta é a minha última publicação, a partir de hoje deixo de fazer parte dos autores do KA MEDO. Foi uma experiência que me vai acompanhar e marcar par o resto da vida. Eu cheguei à conclusão que não tenho muito mais para dar ao blogue, e por isso o motivo do meu afastamento. Quando em Dezembro de 2007 fundei o KA MEDO, tinha em mente um projecto de apenas um ano, um ano de publicações de textos sobre tudo o que metia medo, durante o ano fui recrutando pessoas que queriam fazer parte do projecto e mantê-lo vivo apesar das mortes, e por isso “missão cumprida”. Em Dezembro de 2008 abandonei, como previsto o blogue, mas devido ás insistências fui ficando para ajudar a reerguer o KAMEDO e fazê-lo mais apelativo, mas agora acho que chegou a hora de abandonar de vez o navio, e seguir a minha outra vida. É fácil falar de morte num blogue que não fala de outra coisa, por isso agora junto-me as personagens que por aqui passaram, algumas criadas por mim, e vou desaparecer também.


Neste último texto jaz Gr8Shag! R.I.P.

Foi um prazer!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Nem a morte nos separa

As coisas entre Ricardo e Luísa não estavam bem. Há muito que as discussões faziam parte do quotidiano. No entanto não eram discussões para magoar, mas sim para acusar. Duas vozes irritadas lançavam fortes lanças, que eram reprimidas pela fúria de cada um.

Levado pela fúria, Ricardo planeava secretamente um plano. Raúl tinha-lhe emprestado a arma, que guardava agora no escritório, por trás dos livros.

Sentado à secretária, na empresa, pensava na melhor maneira de acabar com a fonte dos seus problemas. Olhou para o calendário: 14 de Fevereiro. Era a data perfeita. Riu-se, vendo a irionia da situação:

"Estou eu aqui, a planear a data da morte da minha mulher... Muahahaha! E aquela parva não faz ideia! Ela é mesmo burra."

Reencostou-se na cadeira. Mentalmente começou a imaginar o momento em que pegaria na arma e dispararia contra Luísa.

Repetiu a cena vezes e vezes sem conta, e uma onda de felicidade invadiu-o. Sentindo-se mais novo, levantou-se da cadeira, pegou no casaco e nas chaves do carro, e saiu do escritório. Cumprimentou a sua secretária, e saiu, com um sorriso.

No carro, baixou as janelas, e pôs a música no máximo. Deixou-se envolver na melodia. Era hoje. Ia acabar tudo. Assim que chegasse a casa.

Estacionou o carro à entrada da garagem, e saiu do carro. Logo estranhou ouvir música vinda de dentro de casa, e o som de tachos e panelas a serem usados.

Entrou em casa, e apareceu-lhe a mulher, de avental, sorridente:

- Olá, querido, ainda bem que chegaste! Estou a fazer um jantar especial... Vai lá para cima, vai tomar um banho e preparar-te, o jantar fica pronto em três quartos de hora.

Ricardo assim fez. A água fria sabia-lhe bem, e fê-lo pensar no que levaria a mulher a comportar-se assim. Muito provavelmente estava a fazer-se cínica, seria sempre a mesma fuinha. Mas o cheiro que percorria a casa era divinal.

«Ora, é só um jantar! Posso saborear uma refeição maravilhosa antes de a matar!»

Assim, decidiu-se. Saiu do banho, e enrolou-se na toalha. Aplicou água-de-colónia no peito, e vestiu uma camisa branca. Os botões de cima e os dos punhos ficaram abertos, e a camisa por fora das calças de ganga escura. Para finalizar o toque de irreverência, pôs gel no cabelo. Quando terminou, parecia que tinha acabado de sair de um daqueles cartazes publicitários das grandes marcas para homem, como a Calvin Klein, Hugo Boss ou Christian Dior.

Desceu as escadas, e entrou no escritório. Pegou na arma, e pô-la no bolso. Uma expressão maldosa atravessou a sua cara.

Foi então que ouviu Luisa chamá-lo, e voltou-se. Luisa estava de pé, junto à mesa da sala de jantar. Ricardo não sabia quem estava mais elegante, se Luisa, se a mesa.

Luisa usava um elegante vestido preto, brilhante, justo, e com um decote provocante. O sau cabelo loiro estava com mais volume, e um fio dourado adornava o pescoço. Os lábios estavam sensualmente pintados de um vermelho-escuro.

A mesa parecia parte de um filme. Taças com fruta e iguiarias sofisticadas rodeavam a grande travessa de carne, adornada com batatas e legumes. Dois grandes castiçais adornavam o conjunto. Viam-se vários pratos, vários talheres, vários copos, tal como num restaurante fino.

Ricardo sentou-se, e Luisa serviu-o. Deliciado, comeu a sopa, a carne, o pudim... Meia garrafa de vinho foi esvaziada.

"Então, estava bom?" - perguntou Luisa, sorrindo.

"Maravilhoso, amor" - respondeu. Era agora. Era esta a sua oportunidade. Levantou-se e agarrou-a pela cintura. Por momentos passou-lhe pela ideia de adiar os seus planos, e levá-la até à cama, mas rapidamente afastou essa ideia, não por falta de desejo, mas sim porque não queria que esta Luisa o influenciásse. Ela não era real, era uma falsa.

"Tenho uma coisa para te dizer."

"Força nisso, amor" - disse Luisa.

"Até que a morte nos separe." - e disparou.

O sangue começou a escorrer do corpo de Luisa. Logo Ricardo a pousou no chão, em cima de um tapete. A mulher mesmo depois de morta tinha um sorriso irritante na cara. Sentou-se no sofá, e pensou em tudo o que iria fazer agora que a fonte dos seus problemas estava eliminada.

«Que bela prenda de 'Dia de Namorados'!» - pensou Ricardo, rindo-se com vontade. Aos poucos o riso foi esmorecendo. A sua felicidade durou pouco. Sentia-se enjoado, como se o jantar lhe tivesse caido realmente mal. Insultou mentalmente Luisa, tinha feito alguma coisa e ele agora estava mal.

Momentos depois, a indisposição era cada vez maior. Sentia um fogo dentro dele. Foi então que percebeu:

"Aquela tipa envenenou-me!"

Angustiado por ter caído na armadilha dela, foi juntando as peças do puzzle: o sorriso irritante, a simpatia, o jantar perfeito...

Sentia que já não tinha forças, e as pernas cederam. Sentiu-se cair em cima de algo mole. Tinha caido em cima da mulher. Até depois de morta era um empecilho. Lembrou-se da piada que ela tinha dito no dia do casamento.

"Juntos. E nem a morte nos separa."


By: Triguinha

Para além da morte

A casa de frente finalmente ia ser habitada. Era uma casa grande quase o dobro da de Sérgio. Ainda se lembra da sua pintura branca que estava agora escondida atrás do musgo e das heras que também cobriam toda a casa, folhas castanhas, secas, cobriam o jardim da frente. Ervas daninhas povoavam o jardim por toda a parte. Há cerca de três dias que a placa “vende-se” foi tirada pelo homem da imobiliária, mas só agora é que as carrinhas das mudanças começavam a trazer as coisas dos novos moradores… Desde que a velha D. Lurdes morreu que ninguém lá morava, e isso, parece que já foi há séculos.

Ainda não se viu ninguém, para alem dos senhores homens das mudanças que não param de trazer tralha, alguém já pôs cortinas, são esquisitas, todas pretas com bordados.

Finalmente alguém, Sérgio poderia finalmente ver quem eram afinal, as pessoas que iam habitar aquela casa, uma rapariga apenas, um pouco mais velha que ele, deveria estar com 20 anos, muito bonita mas pouco risonha, vestida de preto, fazia sobressair a sua pele branca como a de um anjo:
- Que boa! Exclamou Sérgio.
O cabelo dela igualmente negro brilhava aproveitando o pouco sol que havia. Sérgio ficou fascinado.
Durante a noite parece que o nevoeiro apenas rodeia aquela casa, tentando ocultar algo.

Hoje por uma abertura na cortina daquela casa, Sérgio consegue vê-la ao piano. Que linda melodia, não e bem o género de musica que ele costumava ouvir mas começou a gostar a medida que a ouvia tocar.
No dia seguinte, segunda-feira, ela tinha sido inscrita na escola onde ele andava, e por isso foi nesse dia.
Durante uma aula de educação física, ele observa-a durante os exercícios e deixa de prestar atenção à aula dele. Daquele sítio, ele consegue perceber que ela não se tinha adaptado e mantinha-se afastada dos outros alunos, não sendo mesmo escolhida por nenhuma equipa para o jogo de futebol.
No intervalo, ela abstinha-se do mundo encolhendo-se num canto do polivalente…
Começa a chover, ela de imediato levanta-se e sai disparada pela porta e vai para o meio do pátio, abre os braços e olha para o céu e recebe a chuva desfrutando-a, depois fecha os olhos e concentra-se nas pingas. Umas percorrem-lhe a cara, e outras brincam escorregando pelos caracóis do seu cabelo. Lá dentro Sérgio olha pela janela, e como ele toda a gente que lá estava:
- Parece maluca. – Diz um rapaz,
- Parece não… É! Toda vestida de preto parece uma bruxa, não fala com ninguém, nem sequer se dá connosco. – Diz uma rapariga.
- Talvez nos não lhe tenhamos dado as boas vindas da maneira certa. – Diz Sérgio saindo do recinto em direcção a ela.
- Tão puro – Diz – será que há algo mais puro que a água?
- Nada e puro. – Diz ela – Basta o homem descobrir-lhe os segredos e fraquezas que toda a pureza se esbate. Agora já não se vê chuva como dantes, agora contentemo-nos com estas chuvas ácidas. O fogo que no início servia para aquecer, cozinhar e defender as famílias, virou arma de guerra assim que o homem lhe perdeu o respeito agora serve para destruir…
As palavras dela arrepiam-no, mas ele sabe que ela está certa e o seu interesse aumenta, agora ele a tinha a certeza que ela também era inteligente.
- O meu nome é Sérgio!
- Olá, eu sou a Tânia.
- Se calhar não sabes mas somos vizinhos, eu moro mesmo à tua frente. Tenho-te ouvido tocar piano, adoro.
- Obrigado…
Nisto a campainha toca para entrarem:
- Vamos para as salas de tortura outra vez. – Diz ela sorrindo.
- Também tem sentido de humor? – Pensou ele – o que mais lhe falta para ser perfeita?
Agora na sala ele não a podia ver mas, mas ainda assim a sua imaginação voava, e ele, passava horas a falar e conviver com ela nesses “sonhos”.
Quando soa o sinal de saída ele já a espera no portão…
- Vamos?
- Ok – Diz ela.
Na rua, em direcção as suas casas falaram, falaram de tudo, alguns gostos não coincidiam, mas isso pouco importava, afinal não podemos todos gostar do mesmo clube. Ele sentia-se bem com ela, o tempo passava depressa, quase depressa de mais, por isso sabia-lhe a pouco todos os segundos que estavam frente a frente, e ele queria uma eternidade só para lhe dedicar total especial atenção.
Durante o jantar, a mãe comentava:
- Não sei porquê mas aquela casa assusta-me, desde que foram para la estes novos residentes que ando com medo só de pensar que eles estão mesmo ali à nossa frente.
- Sim realmente é um bocado esquisito. Hehehe – Diz o seu pai.
- Vocês é que não são normais! Não falem de coisas que não sabem. Que mania das pessoas falarem das pessoas sem as conhecerem. – Diz Sérgio exaltado.
- Desculpa filho mas estava só a comentar… Não precisas de ficar assim.
Eu fico assim por causa das pessoas como vocês…
Sérgio levantou-se e saiu atirando o guardanapo que estava no seu colo para cima da mesa, e dirigiu-se apressado para o seu quarto.
Assim que chega, fecha a porta, aproxima-se da janela e vê a sombra de Tânia reflectida na cortina do seu quarto por a luz estar acesa, de repente essa luz apaga-se e poucos segundos depois ele viu-a a sair de casa em direcção da sua. O seu corpo estremece e a sua mente bloqueia.
Ouve a campainha tocar, corre para o espelho arranja o cabelo e põe mais um bocado de perfume.
- Sérgio vem à porta!
Ele desce as escadas um bocado mais calmo, mas o seu coração ainda bate acelerado;
- Olá! Entra…
- Não obrigada, anda comigo, quero mostrar-te uma coisa.
Saem, partem para onde só ela sabia. Chagaram ao cume de um monte fora dos subúrbios, tinham andado bastante e estavam cansados;
- Olha para traz. – Diz ela sorrindo.
- Uau!! – Suspira espantado quando vê uma enorme lua branca sobre a cidade – Nunca tinha visto a lua assim tão bonita.
- Este foi o melhor sítio que encontrei ara adorar a lua assim que me mudei para cá… Sabes que a Lua apesar de ser o astro mais perto da Terra mas está a 380 000 km de nós? E que uma viagem até lá demora cerca de 4 dias?
- Não…
Então eles passaram algum tempo a falar… Nisto, ele olha para o relógio:
- Já e tão tarde, a minha mãe vai-me matar.
Quando chega a casa a mãe esta furiosa à espera dele e, apesar das desculpas, ele não se livra de uma “descasca”:
- Achas que são horas de chegar a casa?
- Desculpa mãe, estive a falar com a Tânia ate agora…
- Quem e a Tânia?
- E a vizinha, ela anda na escola comigo, e fomos dar uma volta…
- Ela e velha de mais para ser tua amiga, deve estar cheia de maus hábitos. Tu não passas de uma criança… Não quero que a vejas mais…
Sérgio corre para o quarto furioso;
- Porque é que as pessoas tem essa mentalidade? Afinal só eram apenas 3 anos de diferença…. Se ela tivesse 30 ele teria 27… Ele sabia que se estava a apaixonar por ela e o amor não tem barreiras, ultrapassa tudo, etnia, cor, credo, religião, idade, sexo… Mas ainda há pessoas que pensam de maneira diferente…
Nessa noite nem conseguiu dormir direito…
Na manha seguinte ele vai para a escola, sem tomar o pequeno-almoço apesar de ser chamado pela mãe…
Na escola encontra-se com ela, voltam a acontecer aqueles momentos, ela era muito “pés na terra” e talvez por isso, ele não teria vontade de discutir tudo afincadamente como até a data fazia com os demais que tivessem ideias diferentes da dele.


Vários meses depois, a relação corria lindamente, até que a certa altura na conversa, ela com uma pose seria diz-lhe:
- Tenho uma coisa muito seria para te contar…
- Eu também. Nem sei como hei-de começar…
- Mas com certeza que a minha e mais importante, podes crer!
- Não sei não! – Insiste ele – a minha mãe não que nós nos voltemos a ver…
- Pois… Mas isto acredita e mais importante, e não e uma coisa que não se ouve todos os dias… – Diz ela como se a noticia dele fosse irrelevante – Espero que não entres em pânico… Mas eu vivo para lá da morte…
Sérgio pensou que ela estava a brincar e sorridente disse:
- És uma Zombie?
- Não! Sou mais um fantasma por assim dizer… Eu voltei a viver depois da minha morte clínica, ressuscitei no fundo…
- Tas a brincar?
Tânia pega na mão dele e encosta-a no peito a fim de sentir a ausência de batimento cardíaco… Nada… Sérgio fica sem reacção…
- Como é que pode ser?
- Tudo isto por causa de um amor impossível, ele prometeu-me tudo, este mundo e o outro, quando íamos fugir de casa ele não apareceu, e eu com desgosto atirei-me duma barragem… Mas voltei em busca do meu verdadeiro amor… E acho que és tu!! Acho que e contigo que quero passar toda a eternidade.
Sérgio fica com um misto de sensações… Orgulho por saber do amor dela, de medo por não saber se deveria de fugir ou de desmaiar e de felicidade pois agora sabia que o seu sentimento por ela era mutuo e correspondido… Porém beija-a.
Nisto a mãe de Sérgio passa pela escola e vê o que tinha proibido… Pára o carro e berra:
- Sérgio, o que foi que eu te disse? Já aqui temos que conversar...
Sérgio avença em direcção à mãe, os colegas estupefactos olham “colados” para ele, alguns até riem.
Nessa noite Tânia ouve a campainha a tocar, e quando abre a porta vê Sérgio que tinha a cara lavada em lágrimas:
- O que foi amor? – Diz preocupada.
- Eu e a minha mãe tivemos uma grande discussão, não volto para casa, quero estar sempre contigo.
Ela abraça-o tanto quanto podia e acolhe-o em sua casa. Na sala ainda agarrado a ela, Sérgio jura-lhe amor eterno, e que nunca há-de libertar uma lágrima nunca mais, nem nunca a ia fazer passar pelo mesmo, pois quando não estava perto dela sentia a sua vida separada. Ela diz-lhe o que precisava de fazer para serem um só.
- Precisas de te libertar da vida terrestre e abraçar a ultravida…
- Mas como e que sei que vamos ficar juntos?
- Saberás! Mas só podes fazer isto se realmente quiseres e estiveres certo e convicto da tua vontade, lembra-te que não voltaras a traz…
- Sim e isso que quero. – Nisto ela abraça-o e beijam-se.
O coração de Sérgio pára, os dois desapareça para o além, onde finalmente podem viver o seu amor sem oposições…



Assim viveram felizes, para lá do “sempre”…