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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Nem a morte nos separa

As coisas entre Ricardo e Luísa não estavam bem. Há muito que as discussões faziam parte do quotidiano. No entanto não eram discussões para magoar, mas sim para acusar. Duas vozes irritadas lançavam fortes lanças, que eram reprimidas pela fúria de cada um.

Levado pela fúria, Ricardo planeava secretamente um plano. Raúl tinha-lhe emprestado a arma, que guardava agora no escritório, por trás dos livros.

Sentado à secretária, na empresa, pensava na melhor maneira de acabar com a fonte dos seus problemas. Olhou para o calendário: 14 de Fevereiro. Era a data perfeita. Riu-se, vendo a irionia da situação:

"Estou eu aqui, a planear a data da morte da minha mulher... Muahahaha! E aquela parva não faz ideia! Ela é mesmo burra."

Reencostou-se na cadeira. Mentalmente começou a imaginar o momento em que pegaria na arma e dispararia contra Luísa.

Repetiu a cena vezes e vezes sem conta, e uma onda de felicidade invadiu-o. Sentindo-se mais novo, levantou-se da cadeira, pegou no casaco e nas chaves do carro, e saiu do escritório. Cumprimentou a sua secretária, e saiu, com um sorriso.

No carro, baixou as janelas, e pôs a música no máximo. Deixou-se envolver na melodia. Era hoje. Ia acabar tudo. Assim que chegasse a casa.

Estacionou o carro à entrada da garagem, e saiu do carro. Logo estranhou ouvir música vinda de dentro de casa, e o som de tachos e panelas a serem usados.

Entrou em casa, e apareceu-lhe a mulher, de avental, sorridente:

- Olá, querido, ainda bem que chegaste! Estou a fazer um jantar especial... Vai lá para cima, vai tomar um banho e preparar-te, o jantar fica pronto em três quartos de hora.

Ricardo assim fez. A água fria sabia-lhe bem, e fê-lo pensar no que levaria a mulher a comportar-se assim. Muito provavelmente estava a fazer-se cínica, seria sempre a mesma fuinha. Mas o cheiro que percorria a casa era divinal.

«Ora, é só um jantar! Posso saborear uma refeição maravilhosa antes de a matar!»

Assim, decidiu-se. Saiu do banho, e enrolou-se na toalha. Aplicou água-de-colónia no peito, e vestiu uma camisa branca. Os botões de cima e os dos punhos ficaram abertos, e a camisa por fora das calças de ganga escura. Para finalizar o toque de irreverência, pôs gel no cabelo. Quando terminou, parecia que tinha acabado de sair de um daqueles cartazes publicitários das grandes marcas para homem, como a Calvin Klein, Hugo Boss ou Christian Dior.

Desceu as escadas, e entrou no escritório. Pegou na arma, e pô-la no bolso. Uma expressão maldosa atravessou a sua cara.

Foi então que ouviu Luisa chamá-lo, e voltou-se. Luisa estava de pé, junto à mesa da sala de jantar. Ricardo não sabia quem estava mais elegante, se Luisa, se a mesa.

Luisa usava um elegante vestido preto, brilhante, justo, e com um decote provocante. O sau cabelo loiro estava com mais volume, e um fio dourado adornava o pescoço. Os lábios estavam sensualmente pintados de um vermelho-escuro.

A mesa parecia parte de um filme. Taças com fruta e iguiarias sofisticadas rodeavam a grande travessa de carne, adornada com batatas e legumes. Dois grandes castiçais adornavam o conjunto. Viam-se vários pratos, vários talheres, vários copos, tal como num restaurante fino.

Ricardo sentou-se, e Luisa serviu-o. Deliciado, comeu a sopa, a carne, o pudim... Meia garrafa de vinho foi esvaziada.

"Então, estava bom?" - perguntou Luisa, sorrindo.

"Maravilhoso, amor" - respondeu. Era agora. Era esta a sua oportunidade. Levantou-se e agarrou-a pela cintura. Por momentos passou-lhe pela ideia de adiar os seus planos, e levá-la até à cama, mas rapidamente afastou essa ideia, não por falta de desejo, mas sim porque não queria que esta Luisa o influenciásse. Ela não era real, era uma falsa.

"Tenho uma coisa para te dizer."

"Força nisso, amor" - disse Luisa.

"Até que a morte nos separe." - e disparou.

O sangue começou a escorrer do corpo de Luisa. Logo Ricardo a pousou no chão, em cima de um tapete. A mulher mesmo depois de morta tinha um sorriso irritante na cara. Sentou-se no sofá, e pensou em tudo o que iria fazer agora que a fonte dos seus problemas estava eliminada.

«Que bela prenda de 'Dia de Namorados'!» - pensou Ricardo, rindo-se com vontade. Aos poucos o riso foi esmorecendo. A sua felicidade durou pouco. Sentia-se enjoado, como se o jantar lhe tivesse caido realmente mal. Insultou mentalmente Luisa, tinha feito alguma coisa e ele agora estava mal.

Momentos depois, a indisposição era cada vez maior. Sentia um fogo dentro dele. Foi então que percebeu:

"Aquela tipa envenenou-me!"

Angustiado por ter caído na armadilha dela, foi juntando as peças do puzzle: o sorriso irritante, a simpatia, o jantar perfeito...

Sentia que já não tinha forças, e as pernas cederam. Sentiu-se cair em cima de algo mole. Tinha caido em cima da mulher. Até depois de morta era um empecilho. Lembrou-se da piada que ela tinha dito no dia do casamento.

"Juntos. E nem a morte nos separa."


By: Triguinha

3 Sustos:

Anónimo disse...

Uou! Está forte! O_O
Excelente história de terror! Parabéns! :D

Anónimo disse...

ta fixe , muito Fixe

ehehhehe

Anónimo disse...

Gosto muito da forma como está escrita, mas o argumento em si é demasiado previsivel - a partir do momento em que ele entrou em casa, soube como ele ia morrer...
Espero pela próxima história...